terça-feira, 17 de março de 2009

Odir.

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Quem nunca confessou que tem medo do escuro, ou de fantasmas, ou da violência, ou dos políticos, ou da morte...? São tantos os medos que perseguem o homem. Mas, se fosse conferida a alguém a missão de superar um medo, aquele que menos se gosta e mais se gostaria de apagar, com certeza, o escolhido seria: o medo da vida.

O que torna o medo da vida tão "especial" são suas consequências: não se vive quando o tem. Medo da vida causa monotonia, tédio, chatice. Ele impede o ser humano de andar, dar dar um passo a frente, de crescer.

Ele priva o homem de cantar, de dançar, de gritar quando se dá vontade. De sair de madrugada para passear com alguém. De atendar ao telefone e ficar nele até ficar zonzo de tanto conversar. De ler os mais diversos livros, seja pela capa, seja pelo tamanho; ler apenas. De assistir televisão e se entupir de besteira ou viajar para a Índia por diversão.

Imaginar a vida sem beijos e abraços é sufocante. Pois quem tem medo da vida, não imagina..., sente. Não beija, não abraça, não amassa, não ama. Não diz "eu te amo", não diz "eu te quero", nem ouve, nem escuta; medo da vida causa surdez. Não faz careta, não dá um sorriso ou gargalhada, nem vê, nem enxerga; medo da vida causa cegueira.

Não se gostaria de superar este medo. Na verdade, mais que isso: suplicar-se-ia para arrancalem-no da alma; gritar-se-ia por socorro; clamar-se-ia por ajuda; rogar-se ia a Deus, aos anjos e santos, e ao Diabo e seu exército. Mas não, não iria se fazer nada. Porque quem tem medo da vida é mudo também.

No final, quem tem medo da vida morre; porque medo da vida mata.

Odir Macêdo Neto.

Belém, 16 de março de 2009.

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